A promessa era tentadora: um console portátil que une o poder do Windows ao ecossistema Xbox, entregando gráficos de tirar o fôlego em qualquer lugar. Mas será que o ROG Xbox Ally X realmente justifica seu preço salgado no mercado brasileiro? Depois de uma semana intensa testando o aparelho, a resposta é: depende do seu perfil de jogador.
Hardware Impressionante em um Corpo Compacto
O ROG Xbox Ally X chega ao Brasil equipado com o processador AMD Ryzen AI Z2 Extreme (chegando até 5.0GHz com 8 núcleos), 24GB de memória RAM LPDDR5X e um SSD de 1TB. A tela Full HD de 7 polegadas com taxa de atualização de 120Hz e brilho de 500 nits entrega uma experiência visual sólida, mesmo que não conte com a tecnologia OLED presente em alguns concorrentes.
O design ergonômico com controles no estilo Xbox garante conforto durante longas sessões de jogo, e o sensor de digitais no botão de ligar funciona com precisão admirável. A bateria de 80Wh promete autonomia razoável — algo entre 90 minutos em modo turbo e algumas horas em jogos menos exigentes.
A Interface que Frustra Antes Mesmo do Primeiro Jogo
Aqui começa o drama. Apesar do poder de processamento, a experiência de software deixa muito a desejar. O primeiro obstáculo? A Xbox Store não possui uma seção clara dedicada a jogos otimizados para o Ally — você precisa clicar em cada título individualmente para descobrir se ele rodará bem no portátil.
Pior ainda: o Steam, que vem pré-instalado, simplesmente não reconhece os controles do aparelho nas configurações padrão. Você fica preso ao touch screen até configurar manualmente os botões pelo software Armoury Crate SE, que ao menos oferece customizações robustas como modos de desempenho, monitoramento de FPS e perfis de jogo.
Detalhes que Irritam no Dia a Dia
- O console entra em modo de descanso durante downloads, pausando tudo — prepare-se para ficar cutucando a tela enquanto baixa seus jogos
- A fonte de 65W é dividida em duas peças gigantes, nada prática para um aparelho “portátil”
- A embalagem traz apenas o essencial: um suporte de material questionável e nenhum case protetor
Performance nos Jogos: Onde o Ally Brilha (e Onde Patina)
Em títulos AAA certificados para o aparelho como Call of Duty: Black Ops 7 e Ninja Gaiden 4, o Ally X se comporta bem, mantendo próximo de 60 FPS com ajuda da tecnologia FSR da AMD. Mas é nos jogos independentes e de menor demanda gráfica — como Hades 2, Hollow Knight: Silksong e Blue Prince — que o console realmente encontra seu terreno de conforto, rodando com folga.
O grande problema? Muitos jogos simplesmente não são otimizados para portáteis. O alerta aparece logo na instalação, mas encontrar quais títulos do Game Pass funcionam bem exige paciência e tentativa e erro.
O Preço que Assusta: Quase R$ 10 Mil
Por aproximadamente R$ 9.700, o ROG Xbox Ally X se posiciona como um dos portáteis mais caros do mercado brasileiro. Para comparação, o Steam Deck OLED pode ser encontrado por cerca de R$ 5.500, enquanto modelos anteriores do próprio ROG Ally custam cerca de R$ 4.900.
Os compradores ganham 3 meses de Game Pass Ultimate (que funciona tanto no console quanto no PC com a mesma conta), mas esse bônus não chega perto de compensar o investimento elevado para quem não é um entusiasta hardcore de portáteis.
Veredito: Potência que Exige Paciência
O ROG Xbox Ally X entrega performance excepcional e acesso a uma vasta biblioteca de jogos via Xbox e Steam. No entanto, os problemas de interface, a falta de otimização de muitos títulos e o preço estratosférico tornam difícil recomendar o aparelho para o jogador comum.
Se você é do tipo que adora mexer em configurações, tem paciência para driblar limitações de software e realmente precisa de poder gráfico em um formato portátil, o Ally X pode valer a pena. Para os demais? Talvez seja melhor aguardar atualizações que melhorem a experiência do usuário — ou considerar alternativas mais acessíveis no mercado brasileiro.
